segunda-feira, 25 de julho de 2011

Desculpem qualquer coisa!

Talvez seja loucura falar do assunto perdão após um final de semana tão bizarro como este que passou no qual quase 68 pessoas inocentes foram friamente assassinadas por um maluco, um homem mal, que acha que seu ponto de vista está acima do bem mais valioso que temos, que é o direito a vida.
Talvez seja exatamente por isso que o assunto perdão esteja latejando na minha cabeça, criando vida própria me obrigando a falar sobre ele. Talvez, talvez…
Hoje, no trem para o trabalho, me sentei ao lado de um garoto com problemas com mentais visíveis O seu jeito de ser, falar, olhar e se mexer entregava a sua deficiência Ele falava sem para com um outro passageiro do trem sobre assuntos confusos sem nenhuma conexão um com o outro. Coisas que provavelmente estavam latejando na cabeça dele. De repente, ao olha pela janela e ver um navio de
cruzeiro lindo, daqueles com 20 andares, ancorado no porto de Amsterdam,ele disse:


‘Que navio bonito, não acha?’
O outro passageiro, numa mistura de dó e educação respondeu que o navio realmente era muito bonito, todo branco de grande.
Sem pensar duas vezes, quase que automaticamente o garoto respondeu:
‘O mundo está cheio de coisas bonitas, para todos os lados em olhamos tem coisas bonitas, mas temos que saber aprecia-las’.
Assim, do nada, no trem indo ao trabalho, um garoto com problemas mentais visíveis resolveu falar como o Lalai Lama falaria!
Mas, com voltar a enxergar as coisas lindas do mundo, quando algo tão horrível e inexplicável acontece?
Também é inexplicável que uma mulher com uma voz maravilhosa de um talento gigantesco não consiga sobreviver os próprios problemas. Um talento daquele não foi o suficiente para que ela visse a luz no final do túnel? Para que ela lutasse contra esse ciclo vicioso? Me sinto mal, por isso bebo. Bebo por isso me sinto mal? Pelo visto, os problemas dessa pessoa eram maiores, muito maiores, do que o seu talento…
(Sim, estou falando de Amy Winehouse!)


Será que o perdão a tiraria desse redemoinho?



Perdoando a pessoa que provavelmente a fez mal, talvez sobraria mais espaço para as coisas boas da vida, talvez sobrassemais espaço para ela apreciar e acreditar em seu proprio talento.



Será que o perdão a tiraria desse redemoinho?



Perdoando a pessoa que provavelmente a fez mal, talvez sobraria mais espaço para as coisas boas da vida, talvez sobrasse mais tempo para apreciar os navios aportados nesses portos do mundo.



Quando agente perdoa, agente não liberta o outro do mal que fez, agente se liberta. Quando agente perdoa, agente se abre para um nova perspectiva, para novas experiencias, para novas possibilidades. Agente se conecta. Agente não se sente tão só.


Mas perdoar o outro é fácil perto da maratona de nos perdoarmos. Perdoar-nos por termos errado, por termos magoado alguém, por não sermos perfeitos, bonitos, inteligentes ou bem-sucedidos o suficiente para esse mundo. O processo do auto perdão é o mesmo processo de se perdoar alguém: Agente tem nos ver sob uma nova perspectiva, embarcar em novas experiencias e possibilidades. Isso só é possível conectando-se com agente mesmo. Nos respeitando e principalmente nos amando e nos aceitamos como somos: imperfeitos.



Como perdoar a vida por não ser perfeita e bonita como gostaríamos que fosse? Esse perdão talvez seja o mais difícil de todos. Talvez agente tenha de nascer com uns ‘parafusos soltos na cabeça’ para enxergar as coisas lindas da vida. Um navio branco, ancorado em um porto qualquer…



Será que não existe outro meio? Será que temos que ficar “doidinhos”, “tantans”, ruim do juízo para atingirmos esse estado de satisfação? Não sei… só sei que nesse final de semana escuro, não consigo perdoar o lado mais cruel desta vida. Mas amanhã será um outro dia, amanha vou olhar pela janela do trem, a procura do navio branco na esperança de que ela ainda estava lá. E se ele ainda estiver, espero poder apreciar de peito aberto, como aquele garoto.

terça-feira, 12 de julho de 2011

É cedo ou tarde demais pra dizer adeus?

Hoje, ao atravessar a rua que dá na Museumplein (Praça do Museu) em Amsterdam fui covardemente golpeada por uma corrente de vento gelada, que sem pedir licença e sem pedir desculpas, entrou na minha roupa. Sem nenhum traço de misericórdia, arrombou o meu peito e em questão de segundos espalhou um sentimento estranho e galado, um sentimento de cor cinza. Este sentimento transformou-se em pensamento.




Então pensei: ‘Até quando agüento isso?’



Em pleno verão, um dia lindo de sol, no mês que segundo as estatísticas, é o mês mais quente do ano. Em pleno verão, sou assombrada pelo frio!
Quem nesse mundo tropical ai do Brasil, em pleno janeiro, sai para dar uma voltinha na hora do almoço e pensa: Nossa, deveria ter trazido o meu xale e o casaco de couro. Quem, me diga? Quem? Ninguém!



Olhei para o gramado da Museumplein. Tentei puxar energia e pensamento positivo dos prédios lindos a minha volta: do Rijksmuseum, o Van Gogh Museum o Concert Gebouw, enfim, os museus de arte famosos da Holanda, onde van Gogh, Rembrant, Vermeer, Modriaan e outros mestres holandeses se encontram pelos corredores. Mas não deu. Não consegui. A varinha mágica quebrou.
Na minha cabeça a trilha sonora era a música ‘Pra dizer adeus’ do Titãs:





Às vezes fico assim pensando
Essa distância é tão ruim
Porque você não vem prá mim?
Eu já fiquei tão mal sozinho
Eu já tentei, eu quis chamar
Não dá prá imaginar quando
É cedo ou tarde demais?
Prá dizer adeus
Prá dizer jamais?